O fim de Breaking Bad
Terminada a primeira parte da temporada final de Breaking
Bad, já começa a me dar aquela sensação triste de despedida. Mais 8 episódios e
daremos adeus a uma das melhores séries dos últimos tempos.
Breaking Bad é tão boa que não dá pra citar um ponto forte,
pois são muitos! Desde a atuação impecável do protagonista Bryan Cranston, e de
todo o elenco, à narrativa serena – mas ao mesmo tempo angustiante – que marca
cada episódio. Uma trama tão bem amarrada que todos os pontos se ligam em algum
momento. Como já li por aí, “nada é por acaso em Breaking Bad”.
Enfim, o fim!
Como já era de se esperar, a busca incessante ao misterioso
Heisenberg pelo seu cunhado e agora chefe do departamento de polícia, Hank,
será enfim recompensada. Hank esteve por tantas vezes próximo de descobrir que Walt, aparentemente tão correto, é na verdade o grande traficante que ele
tanto procura que, afinal, a coisa aconteceu da forma mais inesperada possível.
Ao longo dessas cinco temporadas, pudemos acompanhar este
gênio da química sem a menor ambição e que acaba como professor de ensino
médio, numa jornada para se tornar o maior e mais procurado produtor de
metanfetamina dos EUA, seu “alter-ego” Heisenberg. Ao ser diagnosticado com
câncer em estágio terminal, Walt abandona antigos valores e, aos poucos, vai
mudando sua forma de pensar. Envolvendo-se profundamente no submundo do
tráfico, como numa bola de neve, ele vai descobrindo-se capaz de atitudes cada
vez mais surpreendentes: mentiras, chantagem, violência, assassinato. Isso sem
falar no efeito destrutivo da própria droga que produz e é distribuída nas ruas
da cidade. Walt transforma-se a tal ponto que esquece completamente o motivo
inicial de seu envolvimento com o crime: construir uma base financeira sólida
para o sustento de sua família quando ele morrer. As consequências desse
envolvimento vão se tornando cada vez mais complicadas, exigindo atitudes igualmente
radicais para manter a si e sua família a salvo das ameaças incessantes que
enfrenta. Tudo isto transforma Walt em um homem sombrio, frio e calculista,
capaz de praticamente qualquer coisa para resolver os problemas com os criminosos
com os quais se envolve.
Walt distancia-se tanto do personagem que era no início da
série que, em dado momento, confessa a Jessie que seu objetivo passou a ser tornar-se
o rei do tráfico nos Estados Unidos. Seu parceiro e até sua família, aqueles a
quem jurou proteger, passam a temer as atitudes de Walt, que mostra não medir
consequências eliminando impiedosamente todos os que atravessam seu caminho.
Essa jornada de mocinho que se torna o grande vilão da
história não é novidade. Talvez a mais famosa seja a do pequeno Anakin
Skywalker que acaba por se tornar Darth Vader, simplesmente o maior vilão da
história do cinema de ficção científica. O trunfo de Breaking Bad é abordar com
paciência, riqueza de argumentos e detalhes, toda a questão de ação e
consequência, deste tema tão amplamente debatido que é o envolvimento com as
drogas, que na maioria das vezes mostra-se um caminho sem volta. A série nos
mostra perfeitamente como um pequeno desvio, até inocente, de querer
proporcionar um futuro melhor para seus filhos pode desencadear consequências
tão graves, baseado nas escolhas que precisa fazer para sobreviver.
O que esperar?
Não vejo outra forma de esta série terminar que não uma dessas
duas:
1.
Walt é morto, quem sabe por seu parceiro Jessie,
talvez pela sua própria esposa Skyler, ou até pelo câncer que já denunciara seu
fim 5 temporadas atrás.
2.
Walt finalmente é preso, já que seu cunhado Hank
recém-descobrira seu envolvimento com o crime.
Na minha opinião, não faria sentido ele se arrepender e
escapar impune a tudo o que cometeu, pelo andamento da série até agora. Enfim,
não dá pra cravar nada em Breaking Bad, já que a série está sempre nos
surpreendendo.
Diga o meu nome!
Não posso deixar de destacar esta cena fantástica da 5ª
temporada onde Walt confronta um grupo de traficantes, armados até os dentes, que
querem vê-lo fora do mercado de metanfetamina. Walt apenas diz: “Você fabrica uma cola genérica e sem gosto,
eu fabrico a verdadeira Coca-cola. Me diga, você gostaria de viver em um mundo
sem Coca-cola?”.
E eles indagam: “Quem
diabos é você?”
- Você sabe quem eu sou. Eu sou o homem que
matou Gustavo Fring. Diga meu nome!
Então o traficante abaixa a cabeça e diz: “Heisenberg”.
- You’re god damn right!
A partir deste momento, Walt é oficialmente o maior
traficante dos Estados Unidos da América.
Obs.: Muitos fãs da série podem criticar a forma
como Hank encontra a evidência que o leva a descobrir que Walt é, na verdade,
Heisenberg. De fato, pelo senso de estratégia e perfeccionismo que o personagem
apresentou até então, é um tanto ilógico que ele tenha deixado uma prova de seu
envolvimento com o tráfico tão fácil de ser encontrada. Ok, era dentro de sua
própria casa e ele já não tinha mais o que esconder da esposa, mas mesmo assim,
parece mais com uma mancada no roteiro do que qualquer outra coisa. Pode ser
que o próprio Walt, numa crise de consciência, tenha plantado propositalmente
ali a ruína do seu império, pensando em um dia pagar pelos seus crimes, mas
para mim isso também não faria muito sentido.